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2.10.14

Boa viagem!

Fim. O comboio chegou. Senti o teu corpo abraçar o meu e os teus olhos encherem-se de lágrimas. Afastaste-te com breves palavras. Só memorizei a forma dos teus lábios, admito.

Achei por momentos que passaria despercebida aos olhares indiscretos, aos julgamentos pouco ordenados e fundamentados. Eram lágrimas sem culpa, amor de cidades distintas. As dúvidas, as hipóteses, as preocupações... Tudo era motivo para um choro penoso e uma tristeza visível. 

Leva-me para longe e encara-me como se fosse o enigma da tua vida: pensei em dizer-te enquanto tomávamos o nosso último café diário. Refleti vagamente na minha velha história de amor e achei as palavras desnecessárias. Preferi não falar com medo de te magoar e, simplesmente, apertei-te a mão. Tinhas as mãos ásperas, o rosto velho e os olhos desgastados. Sorriste e acrescentaste ao teu discurso uns elogios à minha beleza. Adicionaste a nossa historia um pouco mais de cumplicidade e...

Eu planeei começar este amor pelo fim para que o inicio não fosse tão angustiante...

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