Uma noite destas, encontrei-me novamente perdida na doença comum. Saí da vasta cama vazia e fui-te procurar pela minha casa. Entendi que esta minha casa era exatamente o que o determinante possessivo demonstrava. Minha. E chorei. Afinal, a cama e a casa seriam o espelho do nosso amor.
Vi-me a fazer um gesto suicida, não caíra em mim com o derrame do sangue e continuara a matar-me. Ouvia como nunca o som do silêncio, via a real aparência do escuro. Sabia-me mesmo a solidão.
Levei o meu corpo até a banheira, tal como pedia o meu (já) fraco coração. Sussurrava com dor: I'll drown, I do. Chorava com maior intensidade. Que ira! Tanto mau estar. Que doença esta, tão comum e sem cura. (...) Não houve dúvida, deitei-me naquele espaço frio. Tive conforto por segundos e senti-me a desmaiar. Esqueci o nosso amor por uns breves minutos.
O teu rosto estava ali; sentia a tua respiração curta e via os teus olhos dorminhocos e pesados a olhar para mim. Esquecera a dor, esquecera o amor, esquecera a vida, esquecera a morte. Fixava o meu pensamento na tua reação.
No dia seguinte, acordei frágil enrolada nos teus braços quentes. Pensei: eis a minha cura. A minha sobrevivência. Mas - coração fraco, corpo sangrento, alma frágil, mente doente - não seria para sempre. Soltei-me do teu corpo. Vesti-me, reuni os meus documentos e alguns objetos. Vi o teu deitar de olhos desiludido. As lágrimas de ambos caíram e fugi sem dizer e ouvir alguma palavra. Foi mesmo amor.
" Levei o meu corpo até a banheira, tal como pedia o meu (já) fraco coração. Sussurrava com dor: I'll drown, I do. Chorava com maior intensidade. Que ira! Tanto mau estar. Que doença esta, tão comum e sem cura. (...) Não houve dúvida, deitei-me naquele espaço frio. Tive conforto por segundos e senti-me a desmaiar. Esqueci o nosso amor por uns breves minutos." profundo. Tocaste-me no coração.
ResponderEliminarr: mil e uma cores e uma rapariga com uma coroa na cabeça :)
ResponderEliminarPerfeito. É a única coisa que me ocorreu dizer ao ler isto. *
ResponderEliminarObrigada pela tua visita no blog :)
ResponderEliminarQue texto absolutamente incrível!
muito obrigada, sigo também :) escreves tão bem, adorei!
ResponderEliminarAdorei o texto, maravilhoso! Escreves tão bem :)
ResponderEliminarahah mt obgd
ResponderEliminarDesculpa <3 fui ao Sumol Summer Fest desde 26 até dia 30 sem contacto com o mundo exterior :) como estás?
ResponderEliminarPor mim continuava lá... aquilo é perfeito!
ResponderEliminarohhh querida, eu já escrevi um livro, já o editei <3
ResponderEliminarMas, se causa tanta dor...será que vale a pena?
ResponderEliminarchama-se " o renascer de uma vida" e e da corpus editora. normalmente a pessoas com quem falo eu vendo diretamente por correio :)
ResponderEliminarr: mesmo! mas nem sempre é uma boa sensação quando não podemos fazer nada quanto a isso... :x
ResponderEliminarhttp://www.tvi24.iol.pt/503/sociedade/austeridade-crise-lancet-suicidio-tvi24/1433464-4071.html
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