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16.4.14

Batimento final

Ela parece não entender. Quando cheguei a cidade perdi o controlo do meu corpo. Senti-o balançar como se andasse num barco em alto mar. Ela continuava imóvel. Pensei em voltar a explicar o meu caso mas sentia-me novamente fraca. Levantei-me. Fiquei com um nevoeiro intenso na vista. Fechei os olhos e caminhei em direção ao pote de açúcar. Ao chegar lá reabri os olhos e tudo já era nítido. Agarrei no copo com água. Senti um aperto no peito, o copo transformou-se em cacos e aos poucos descaí. Desmaiei. 

Acordei mais tarde no hospital. Ela parecia já entender. Tentei falar; mas não tinha voz - sentia-me uma criança aterrorizada pelo pesadelo e sem forças para gritar. Nesse momento fixei-me aos olhos dela. Parecia estar feliz por me ver acordada. Mas ela continuava imóvel. De repente ouvi: certas doenças instalam-se nos corpos errados, nas almas de bom coração. De bom coração. Quero dizer de bons sentimentos. Senti-me tonta com a vista fraca. Fechei os olhos e tentei imaginar o rosto dessas palavras. Nada. Abri novamente os olhos e vi tudo branco, senti-me a desmaiar aos poucos. E nesse momento ouvi as últimas palavras: a pulsação está a descer! ela está sem ar! é um bloqueio cardíaco. 

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