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Palavras salgadas

Mesmo agora disseram-me que nada era mais puro e sincero que um coração partido. Respirei fundo.

Pedi um cigarro e dei voz a pequena dor. Dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor... É incrível, ainda não encontrei uma palavra que guardasse o seu significado e o seu valor depois duma vasta repetição. Ou talvez já. O outro dia, ou se calhar até foi mesmo hoje, repeti o teu nome. Vinte vezes, trinta, quarenta, cinquenta... e ele no fundo não perdeu o seu valor. Ou talvez sim. Na verdade já nem pronunciava o teu nome, era uma mistura de sons estranhos que me lembravam a tua cara - a tua antiga bela cara. Lembravam aquela cara que eu amava. Lembravam uma cara perdida no tempo passado. Um rosto congelado no tempo. Não sei.

Pedi lume e acendi o cigarro. Mas, não fumei. É simples, não mudei assim tanto. Vi-o simplesmente a arder. A tornar-se cinza. Pensei que o próprio cigarro era uma boa metáfora para o amor. Ele queima, vicia e depois mata. Mata ou morre. Morre ou mata. Seja o que for. Já não me lembro da tua voz. Deve ter mudado como tu nestes dias. Digo isto sem raiva. Afinal, após um ponte final... tudo muda.

Ponto Final

1 comentário:

  1. Está tão bom isto. Tão perfeito. Soube-me tão bem ler... não te sei explicar, mas tocaste-me. Nos meus mais íntimos segredos, dores, em tudo o que sinto neste momento. Por isso, obrigada.

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