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10.5.15

Numas veias azuis


-Senta-te e ouve até ao fim. Não fales, nem interrompas. Prometo não ser vaga e ir diretamente ao assunto. Antes disso, peço-te que não sorrias, nem me toques. Apenas quero que saias em silêncio quando acabar. (.................) Não me defines, nem pronuncies o meu nome. Soubesses tu quem eu era... boca suja! Isto não é nada senão a verdade. Dou-te, agora, a provar o meu sangue frio, a minha parte gelada e dura. Pena minha, entender isto tardiamente. (Meu querido, mantem os olhos firmes: uma coisa insuportável é ver-te chorar). Deixei de te amar tão cedo... cedo demais. Ah, estou confusa, pelo que vi... a tua casa está bem mais apertada, pequena e abafada. - Espera, não vás! Eu retomo sem divagar desta vez. -  Sei que tentas saber de mim quando não a tens por perto. Sei que te lembras dos meus traços mais íntimos e que te afastas dos nossos antigos desejos carnais com uma chamada-destino: Leiria. Não acho justo. Eu lembro-te poucas vezes, por sorte. Olha para mim... isto não é ódio, prefiro-te ver com ela, acredita! São ambos falsos exploradores de arte exterior. Pronto, já sei... vais pensar umas quantas ''coisas'' indecentes sobre isto. Ao contrário do que imaginas, o meu espírito está tranquilo. Para que saibas, também, a incoerência vinha, principalmente, por me alimentar de um corpo como o teu. Ai, que vício... achar que o mundo gira a tua volta. Em todo caso, se bem entendi: querias tréguas? Isto é curioso, porque eu nunca lutei para hoje baixar armas. [...]  Durante uma semana vou relembrar esta noite, vou talvez protestar de arrependimento todas estas palavras amargas. E no fim, vou perguntar-me: foi maçador dizer aquilo tudo? Sim, foi.
 
O garçon chega, perco o discurso daquela senhora loira e peço mais um café, obrigada.


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